Esporte que já rendeu 19 medalhas olímpicas ao Brasil (sendo 8 ouros, 3 pratas e 8 bronzes), a vela busca alcançar novos patamares no país e, quem sabe, consolidar-se como uma nova paixão nacional.
Neste sábado (23), o Mubadala Brazil SailGP Team, primeira equipe brasileira (e da América do Sul) na categoria, fará sua estreia no SailGP, competição que reúne os catamarãs F50 e é considerada a elite desse esporte no planeta. A primeira regata da nova temporada ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Este ano, aliás, será marcado por estreias na competição. O time brasileiro é comandado pela bicampeã olímpica Martine Grael, que será a primeira mulher a ocupar o posto de capitã de uma equipe no SailGP.
Além de estrear sua própria equipe na categoria, o Brasil contará com uma etapa própria nesta temporada, a ser realizada em maio do ano que vem, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro (RJ).
Nesta semana, a Máquina do Esporte conversou com a diretora de marketing do Mubadala Brazil SailGP Team, Mariana Britto, que comentou sobre as estratégias do time para se conectar com o grande público no país.
Estratégia de marketing
Formada em Rádio e TV pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), de São Paulo (SP), Mariana tem sua trajetória profissional intimamente ligada à vela. Seu primeiro trabalho foi com a família Schürmann, que se tornou famosa por velejar ao redor do mundo, visitando os lugares mais remotos do planeta.
“Comecei como estagiária e mais tarde me tornei sócia”, contou.
O desejo inicial era participar das expedições. Porém, acabou indo parar no escritório localizado no bairro paulistano do Itaim Bibi, onde mantinha contato com parceiros comerciais e patrocinadores, e atuava na organização de eventos e palestras.
Depois, Mariana tornou-se sócia dos Schürmanns em uma agência chamada Ecotalentos, voltada a personalidades que desejavam desenvolver projetos na área de aventuras.
Ela ainda atuaria em agências de publicidade e lideraria projetos no Canal Off, até ingressar na XP Investimentos, estando à frente da área de marketing esportivo da empresa.
Foi assim até que o vento voltou a soprar, levando-a de volta à sua antiga paixão, a vela. Hoje, ela é responsável pelas estratégias de comunicação e marketing do time brasileiro no SailGP.
Mariana sabe que conectar a equipe ao grande público do país não será uma missão fácil, mas demonstra estar animada.
“O brasileiro tem um jeito especial de torcer. Ele engaja muito. E tudo isso representa ‘o vento a nosso favor'”, afirmou.
Educar o público
A estratégia inicial de Mariana Britto é educar um público que ainda não está acostumado ao universo da vela.
“A ideia é realmente trabalhar o ‘beabá’ do esporte, explicar como funciona uma regata e ir medindo a temperatura do público, para ver como a audiência reage. É um trabalho que requer consistência e paciência”, salientou.
Ela também está produzindo um documentário que mostra a trajetória do time, incluindo o primeiro contato de Martine Grael com o SailGP e toda a preparação para a disputa da competição.
O fato da equipe contar com uma mulher na liderança representa um ativo importante para fortalecer a conexão com o público.
“A equidade é um dos principais valores para nosso time. Com Martine como capitã, reforçamos esse compromisso. É algo que vai além da vela e que certamente vai inspirar outras mulheres e também outras ligas, para que apoiem cada vez mais a participação feminina no esporte”, explicou.
Patrocínios e transmissões
O Mubadala Brazil SailGP Team envolve o trabalho de cerca de 50 profissionais, atuando de maneira direta e indireta no Brasil e nos locais de competição mundo afora.
O time é uma iniciativa da IMM, que também está à frente da organização da etapa do Rio de Janeiro do SailGP, neste caso em parceria com a Confederação Brasileira de Vela (CBVela).
Entre os atletas do time estão nomes como os brasileiros Marco Grael (irmão de Martine), Kahena Kunze (parceira nas conquistas das duas medalhas de ouro olímpicas, no Rio de Janeiro 2016 e em Tóquio 2020) e Mateus Isaac, além de competidores estrangeiros como Andy Maloney, Leigh McMillan e Richard Mason.
Nos bastidores, o time ainda conta com personalidades lendárias da vela, como Horácio Carabelli, que, além de velejador, é também engenheiro naval e designer de embarcações.
Toda essa operação é liderada por Alan Adler, CEO da IMM e do Mubadala Brazil SailGP Team. Em entrevista à Máquina do Esporte, ele falou sobre a importância da realização de uma etapa do SailGP no país como forma de consolidar a categoria junto ao público local.
“A estreia da etapa brasileira do SailGP no Rio de Janeiro, marcada para os dias 3 e 4 de maio de 2025, será um marco histórico, pois o Brasil será o primeiro país da América do Sul a sediar a competição. Isso representa uma oportunidade única de mobilizar o público brasileiro, que tem uma forte conexão com esportes aquáticos, especialmente com a vela, e uma paixão crescente por eventos internacionais de alto nível”, destacou.
Na visão do executivo, a regata brasileira, batizada de Enel Rio Sail Grand Prix, também trará impactos econômicos e de imagem positivos para o país.
“A presença de grandes patrocinadores, além do apoio das autoridades locais, como a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Marinha do Brasil, contribuirá para transformar a etapa em um evento de grande repercussão, atraindo não apenas os fãs do esporte, mas também turistas e a mídia nacional e internacional. A competição no Rio de Janeiro, com a Baía de Guanabara e os ícones do Pão de Açúcar e Cristo Redentor como cenário, será um espetáculo visual e esportivo, fortalecendo ainda mais a imagem do Mubadala Brazil SailGP Team e do Brasil como sede de eventos esportivos de renome mundial”, avaliou.
As transmissões do SailGP no Brasil ficarão a cargo da Globo, que fará a cobertura das etapas pelo Sportv, e do BandSports, canal que já exibe a competição ao vivo para o país desde a segunda temporada.
Além da cobertura, a Globo também promoverá o SailGP e o Mubadala Brazil SailGP Team nas suas diversas plataformas de mídia, como o Globoplay, e nas redes sociais, com conteúdos especiais e reportagens, buscando ampliar a visibilidade do evento e da equipe brasileira.
“Essas parcerias [com os dois grupos de mídia] garantem que o SailGP tenha uma distribuição ampla e incomparável no Brasil, atingindo uma audiência diversificada e aumentando o engajamento dos fãs com a competição e o time brasileiro. Essa combinação de esforços de transmissão ajudará a consolidar o SailGP como uma das principais ligas esportivas no Brasil, enquanto fortalece o vínculo entre a equipe brasileira e seus patrocinadores, além de engajar novos públicos no esporte”, afirmou Adler.
Hoje, o fundo de investimentos Mubadala é o dono dos naming rights da equipe.
“É uma empresa que tem uma longa história com a IMM e que foi fundamental para que o projeto ocorresse”, ressaltou Mariana.
Até o momento, outros patrocinadores do Mubadala Brazil SailGP Team são: Banco BRB (parceiro global), OceanPact e Oakberry (parceiros oficiais).