Atletas da Rússia e de Belarus são expulsos dos Jogos Paralímpicos de Pequim

Os atletas da Rússia e de Belarus foram impedidos de competir nos Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim, que começam nesta sexta-feira (4). A decisão foi tomada após uma reunião de emergência feita pelo Conselho de Administração do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês), que decidiu recusar as inscrições de atletas dos dois países para os Jogos.

A decisão foi tomada depois de os dirigentes serem avisados que atletas de outras nacionalidades estavam propensos a boicotar as disputas contra russos e bielorrussos. Para evitar problemas, o conselho do IPC decidiu cancelar as inscrições dos atletas dos dois países, seguindo a recomendação do Comitê Olímpico Internacional (COI) da última segunda-feira (28).

“No IPC, acreditamos firmemente que esporte e política não devem se misturar. No entanto, não por culpa própria, a guerra chegou a esses Jogos e, nos bastidores, muitos governos estão influenciando nosso querido evento. O IPC é uma organização baseada em membros, e somos receptivos às opiniões de nossas organizações-membros”, afirmou o brasileiro Andrew Parsons, presidente do IPC, ao justificar a decisão tomada.

De acordo com o dirigente, seria inviável manter os atletas dos dois países em atuação nos Jogos sob risco de boicote de atletas de outras nacionalidades. Parsons disse que a situação começou a ficar incontrolável.

“Nas últimas 12 horas, um número esmagador de membros entrou em contato conosco e foram muito abertos, pelo que sou grato. Eles nos disseram que, se não reconsiderássemos nossa decisão, seria provável que teríamos graves consequências para os Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim 2022. Vários comitês, alguns dos quais foram contatados por seus governos, equipes e atletas, estão ameaçando não competir”, afirmou o dirigente.

Parsons relatou ainda que, dentro da Vila dos Atletas, o clima contra competidores russos e bielorrussos estava ficando pesado.

“Garantir a segurança dos atletas é de suma importância para nós, e a situação na Vila dos Atletas está aumentando e agora se tornou insustentável. Em primeiro lugar, temos o dever de garantir e fiscalizar a organização de Jogos Paralímpicos de sucesso, para garantir que no esporte praticado no Movimento Paralímpico prevaleça o espírito de fair play, a violência seja proibida, o risco à saúde dos atletas seja gerenciado e os princípios éticos fundamentais sejam respeitados. Com isso em mente, e para preservar a integridade desses Jogos e a segurança de todos os participantes, decidimos recusar as inscrições de atletas da Rússia e de Belarus”, disse.

O dirigente finalizou afirmando que a “culpa” pela situação gerada é dos governos dos dois países.

“Para os atletas dos países impactados, sentimos muito que sejam afetados pelas decisões que seus governos tomaram na semana passada ao violar a Trégua Olímpica. Vocês são vítimas das ações de seus governos. O bem-estar do atleta é e sempre será uma preocupação fundamental para nós. Como resultado da decisão de hoje, 83 atletas são impactados diretamente. No entanto, se Rússia e Belarus permanecessem aqui em Pequim, as outras nações provavelmente se retirariam e não teríamos os Jogos viáveis. Se isso acontecesse, o impacto seria muito mais amplo. Espero e rezo para que possamos voltar a uma situação em que a conversa e o foco estejam totalmente no poder do esporte para transformar a vida das pessoas com deficiência e o melhor da humanidade”, concluiu.

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