A Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) encerrou participação nos Jogos Olímpicos de 2024 com uma medalha de prata. Apesar dos bons resultados, o desempenho foi inferior ao obtido em Tóquio 2020.
O único pódio do Brasil na modalidade veio da maior esperança do país no esporte, Isaquias Queiroz, que conquistou sua quinta medalha olímpica. Dessa vez, o canoísta levou a prata no C1-1.000 m
Ainda na canoagem velocidade, no C2-500 m a dupla formada por Isaquias e Jacky Godmann ficou em oitavo. No C1-1.000 m, Mateus Nunes caiu nas quartas de final, assim como Vagner Souta no K1-1.000 m.
Entre as mulheres, Ana Paula Vergutz foi eliminada nas semifinais do K1-500 m e Valdenice Conceição foi quinta colocada na final B do C1-200 m.
Na canoagem slalom o Brasil teve dois representantes. Ana Sátila foi o destaque, com a quarta colocação no K1, além do quinto lugar no C1 e quarta posição na disputa pelo bronze no K1 cross. Pepê Gonçalves, nas categorias masculinas, teve uma semifinal como seu melhor resultado.
“O ciclo de 2024 pode se dizer que foi vitorioso. Conseguimos classificar o maior número de atletas para os Jogos depois do Rio 2016 e conseguimos o melhor resultado da história da canoagem slalom com o quarto lugar da Ana Sátila, ficando muito perto da medalha”, analisou Rafael Girotto, presidente da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), em entrevista à Máquina do Esporte.
“E claro, a medalha de prata do Isaquias, além de duas semifinais no K1 e C1 feminino na velocidade, feito inédito também. Então, por esses motivos, achamos que foi um ciclo vitorioso”, acrescentou.
Em Tóquio 2020, a canoagem brasileira também obteve apenas uma medalha. Na edição, porém, o país obteve o ouro, com Isaquias Queiroz no C1-1.000 m.
Investimentos
A CBCa não teve bom desempenho comercial no ciclo para Paris 2024. Com isso, a entidade foi, e segue sendo, extremamente dependente de verbas repassadas pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), como as possilitadas pela Lei Piva.
“Hoje não temos patrocínios. Vivemos apenas de verbas da lei das loterias, através da descentralização do COB e CPB. Hoje, sem a Lei Piva, seria impossível administrar a entidade e organizar campeonatos, viagens e a preparação da seleção. Cem por cento do orçamento da entidade é da Lei Piva. Sem ela, não teria como tocar o esporte”, reconhece Girotto.
A Lei Piva estabelece que 2% da arrecadação bruta das loterias federais seja direcionada para o COB e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). No ciclo para Paris 2024, que foi um ano mais curto por conta do adiamento de Tóquio 2020, a CBCa recebeu R$ 22,6 milhões, que representa 3,8% do total repassado pelo COB para as confederações nacionais (cerca de R$ 600 milhões).
Os repasses feitos pelo COB variam a partir de diversos critérios, que incluem a relevância, o desempenho e o custo de cada esporte. A canoagem brasileira recebeu R$ 6,7 milhões em 2022, R$ 7,9 milhões em 2023 e R$ 8,5 milhões em 2024.
Bolsa Atleta
O Governo Federal também investe no esporte brasileiro através do Bolsa Atleta, programa que paga valores mensais aos esportistas inscritos.
Dos sete atletas que representaram o Brasil na canoagem em Paris 2024, apenas um não é beneficiário do programa. A exceção é justamente o medalhista Isaias Queiroz, que não está inscrito no Bolsa Atleta neste ano, mas já foi bolsista durante 13 anos da carreira.
“O Bolsa Atleta é extremamente importante, pois dá uma segurança para que o atleta possa se dedicar apenas ao treinamento”, afirma o dirigente.
Futuro
Com o fim de Paris 2024, se inicia o ciclo para os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. De acordo com Girotto, os trabalhos da CBCa começarão com foco em um melhor planejamento.
“Agora é hora de avaliar os erros e acertos, e, com isso, montar um planejamento cada vez mais assertivo para Los Angeles. Ttemos a certeza de que em Los Angeles temos a possibilidade de ter um desempenho ainda melhor”, conclui.