Após Rio 2016, Bolsa Atleta cresce mais de 15% e beneficia quase 90% do Time Brasil em Paris 2024

Rebeca Andrade, esperança de medalha do Brasil, é uma das beneficiadas pelo Bolsa Atleta - Reprodução / Instagram (@rebecarandrade)

A delegação brasileira que competirá nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 a partir da próxima sexta-feira (26) terá 89% de atletas beneficiados pelo Bolsa Atleta. São 247 competidores que ganham a bolsa oferecida pelo Ministério do Esporte (Mesp).

O número é um recorde na história do programa. A marca anterior pertencia aos Jogos de Tóquio 2020, realizados em 2021 devido à pandemia de Covid-19, quando 80% da delegação ganhava o Bolsa Atleta. À ocasião, foram beneficiados pelo programa 242 dos 302 brasileiros que tentaram uma medalha na capital japonesa.

Ou seja, nos últimos três anos, houve um aumento de 11,25% na representatividade do programa no Time Brasil. Se comparado com o Rio 2016, o crescimento é de 15,6%.

Medalhas

Se a performance obtida em Tóquio 2020 for repetida, as perspectivas de medalha são boas. No Japão, o Time Brasil chegou a um recorde de 21 pódios em 19 dias de competições, conquistando 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes em 13 modalidades.

O Brasil ficou em 12º lugar tanto na contagem de ouros como no total de medalhas. A melhor campanha anterior havia sido em casa, no Rio 2016, com 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes (19 medalhas).

Desse total obtido em Tóquio 2020, 19 das 21 medalhas (90,45%) tiveram a presença de bolsistas do programa do Mesp no pódio.

A exceções foram os atletas do futebol masculino, medalha de ouro, com vencimentos que os colocavam fora do público-alvo do programa, e Rayssa Leal, prata no skate street, que, aos 13 anos, estava abaixo da idade mínima de 14 para se tornar beneficiária do programa.

medalha de prata em Tóquio 2020 - Reprodução/Instagram @rayssalealsk8
Rayssa Leal não tinha idade mínima para o Bolsa Atleta em Tóquio 2020 – Reprodução / Instagram (@rayssalealsk8)

Histórico

Criado há 20 anos, ainda no primeiro governo do atual presidente Lula, o Bolsa Atleta experimentou um crescimento contínuo a cada edição dos Jogos Olímpicos.

O projeto, que concedia uma bolsa mensal a atletas em geral, beneficiou competidores olímpicos e paralímpicos, muitas vezes sem outros vencimentos e patrocínos para manterem sua preparação ao longo do ciclo de quatro anos. A bolsa não beneficiou a delegação brasileira nos Jogos de Atenas 2004 porque sua regulamentação aconteceu apenas no ano seguinte.

O Bolsa Atleta estreou nas Olimpíadas de Pequim 2008, quando o Brasil conquistou sua melhor participação até então em número total de medalhas, com 17 (3 ouros, 4 pratas e 10 bronzes). Em Londres 2012, a delegação manteve o número de pódios, embora tenha melhorado ligeiramente na cor das medalhas (3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes).

Quatro anos depois, no Rio 2016, 77% do Time Brasil já era beneficiado pelo Bolsa Atleta. Por sediar o evento, o Brasil teve direito a classificações automáticas, fazendo com que houvesse a maior delegação nacional da história, com 462 atletas (253 homens e 209 mulheres).

Mesmo com a mudança de governo e a queda de status do Ministério do Esporte, que passou a ser Secretaria Especial do Esporte dentro da estrutura do Ministério da Cidadania durante a presidência de Jair Bolsonaro, o programa manteve o crescimento, aumentando sua representatividade na delegação brasileira de Tóquio em 3,9%.

Para Paris, algumas das principais apostas para a conquista de medalhas são bolsistas do programa. É o caso de Rebeca Andrade (ginástica artística), Rayssa Leal (skate street) e Ana Marcela Cunha (águas abertas). Outras estrelas da delegação, como Marta (futebol) e Bia Haddad Maia (tênis), também integram o programa.

Decadência

Um fato negativo para o Time Brasil, porém, é que, pela segunda vez consecutiva, a delegação encolheu. Em Tóquio 2020, houve uma queda de 34,6%, o que era esperado, já que o comparativo era com o Rio 2016. No entanto, o decréscimo voltou a acontecer em Paris 2024, com nova queda de 8,6%.

O número pode ser explicado pelo fracasso nos esportes coletivos. O feminino conseguiu vaga no futebol, vôlei, handebol e rugby 7. Já o masculino estará apenas no basquete e no vôlei. Modalidades em que a seleção brasileira chegou até a conquistar medalha olímpica, como basquete feminino e futebol masculino, em que o país é o atual bicampeão, estarão ausentes das Olimpíadas na França.

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