O Sevilla superou as dificuldades econômicas geradas pela pandemia de Covid-19 e voltou a apresentar lucro na temporada 2021/2022. O clube espanhol conseguiu um saldo positivo de € 4,5 milhões no primeiro semestre, face às perdas de € 6,5 milhões que registrou entre julho e dezembro de 2021, segundo o site 2Playbook.
Os fatores que pesaram para que houvesse lucro foram uma melhor exploração do Estádio Ramón Sánchez Pizjuán e uma velha receita dos clubes brasileiros: venda de jogador. No caso do Sevilla, pesou para o bom saldo financeiro a negociação do ponta Bryan Gil, de 21 anos, com o Tottenham (o atacante atualmente está emprestado ao Valencia).
Além disso, com a venda já acertada do zagueiro brasileiro Diego Carlos para o Aston Villa, por € 32,5 milhões, a temporada será encerrada com saldo positivo.
A reabertura do estádio ao público, embora feita de maneira gradual, permitiu ao clube recuperar parte das receitas de matchday que haviam sumido com a pandemia. Entre junho e dezembro, o Sevilla faturou € 7,5 milhões com o programa de sócio-torcedor, o que sustentou o crescimento de 15% do volume de negócios, chegando a € 112,9 milhões.
O principal segmento de arrecadação voltou a ser com receita de competições, com € 52,6 milhões, embora tenha sofrido queda de 14% nesse tipo de ganho. Desse total, os torneios nacionais contribuíram com € 874 mil de bilheteria. O restante veio da participação do time na Champions League, na qual caiu ainda na fase de grupos. Em 2020/2021, o time havia chegado às oitavas de final.
Essa perda foi compensada pelos sócios-torcedores e direitos de mídia, com os quais o clube faturou € 41,5 milhões, 47% a mais do que no primeiro semestre do ano anterior. Da mesma forma, a chegada da fintech Naga como patrocinadora máster e outros acordos de patrocínio assinados durante a primeira metade da temporada geraram um aumento de 39% na receita comercial: € 11,29 milhões.
Um dos setores que impulsionou o crescimento esportivo do Sevilla nos últimos anos foi a venda de jogadores. Isso permitiu que o time faturasse € 65 milhões entre 2016 e 2018, com € 160,5 milhões de ganhos de capital nessas três temporadas consecutivas. Mais tarde, as grandes vendas permitiram que o clube fizesse contratações mais altas e mantivesse a lucratividade.
Com a chegada da pandemia e o refluxo no mercado de transferências, o Sevilla teve perda recorde de € 41,4 milhões. Após a pandemia, o clube voltou a ter lucros com venda de atletas. A venda de Bryan Gil gerou € 25 milhões, dos quais € 18,3 milhões ficaram com o Sevilla.
Aumento da folha salarial
Visando uma boa campanha na Champions League, o Sevilla aumentou os gastos com salários do elenco em 19%, chegando a € 63,9 milhões. No total, a folha salarial bateu € 77,3 milhões. O número de funcionários do clube chegou a 450, o que representa 40 empregados a mais em relação ao final de 2020.
Segundo um levantamento do site 2Playbook, o valor de mercado do Sevilla atualmente é de € 410,5 milhões, sendo superado apenas por Valencia, Athletic Bilbao, Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid dentro da Espanha.
O clube estabeleceu como meta subir da posição 23 para o Top 15 de marcas mais valorizadas do futebol mundial nos próximos anos. Para atingir esse objetivo, um dos pontos-chave é a reforma do Estádio Ramón Sánchez Pizjuán. O clube investirá cerca de € 200 milhões na reconstrução do local, que será tocada em conjunto com a Legends, mesma parceira do Real Madrid.
A decisão ainda não foi tomada, mas a tendência é demolir a estrutura atual, já ultrapassada, e construir um novo complexo. Outras possibilidades, que eram a mudança para outro estádio ou a construção da nova arena em outro local, já foram descartadas pela diretoria.
A intenção do Sevilla é que a nova arena tenha capacidade para 60 mil pessoas. Atualmente, o time conta com 40 mil associados com direito a assentos, e o estádio possui capacidade para apenas 44 mil torcedores.
Efeito CVC
O Sevilla aumentou sua dívida em 55% no primeiro semestre do ano. O montante alcançou € 137,2 milhões. Por outro lado, os bancos continuam confiantes na gestão do clube, que somou mais € 16,5 milhões em dívida de curto prazo com instituições de crédito, atingindo quase € 30 milhões. No longo prazo, os empréstimos ultrapassam os € 35 milhões. Com os clubes, o time quitou 44% da dívida gerada com contratações, que chega a € 46,2 milhões. Metade desse montante expira em um ano.
Vale lembrar que, para financiar seus projetos, o Sevilla terá uma verba de € 127,3 milhões da CVC por meio do Plano Impulso, assinado pela empresa de capital de risco com a LaLiga.