A Fórmula E iniciou a 11ª temporada no último sábado (7), quando foi realizado o e-Prix de São Paulo, e a Nissan esteve presente na etapa dentro e fora das pistas. A montadora, única empresa japonesa dona de uma equipe, se beneficia da presença na categoria nos segmentos de tecnologia e marketing.
A Nissan entrou na Fórmula E na temporada 2018/2019, ainda em uma parceria com a equipe francesa Dams. A partir de 2022/2023, o time passou a pertencer apenas à marca japonesa.
Em entrevista à Máquina do Esporte, Rogério Louro, diretor de comunicação corporativa da Nissan, explicou que a mudança de propriedade interferiu diretamente nos benefícios que a montadora passou a obter com a equipe.
“Quando entramos, trazíamos a tecnologia da rua para as pistas. Já tínhamos muita experiência de carro elétrico. Há dois anos, a gente mudou essa fase. Passamos a ser donos de 100% da equipe, e aí sim começamos o movimento das pistas para a rua”, contou o executivo.
A presença na categoria passou a ter influência no desenvolvimento de novas tecnologias para a Nissan, voltadas ao universo dos carros elétricos. Além disso, reforçou a aposta da empresa na eletrificação.
“Passamos a ver as tecnologias que poderiam ser testadas e avaliadas, para, um dia, chegar aos produtos de rua. Então, tem uma importância tanto de marca, posicionamento de marca, inovação e aposta na eletrificação, quanto também de desenvolvimento tecnológico”, acrescentou Rogério.
Ativações
No Brasil, a Nissan apostou na organização de um camarote no início da reta principal. O espaço contou com visitas dos pilotos titulares Norman Nato e Oliver Rowland, do brasileiro Sérgio Sette Câmara, piloto reserva e de simulador, e de diretores da equipe. A estratégia, porém, varia para cada etapa.
“São 16 corridas, algumas rodadas duplas em algumas cidades, e existe um trabalho específico para cada país. Aqui no Brasil, tentamos fazer um camarote para relacionamento e divulgação, principalmente. Tem outros lugares em que fazemos alguns camarotes um pouco maiores, em que levamos concessionários”, explicou Rogério.
Com estruturas semelhantes, a Nissan também aproveita a presença na Fórmula E para premiar funcionários, que são levados para as etapas e ganham a oportunidade de conhecer os detalhes da categoria de perto. Além disso, divulga produtos relacionados com o universo do automobilismo, como um perfume lançado em março.
“A gente tenta focar muito aqui no Brasil, principalmente esse ano, a parte de imprensa, para ajudar a gente a divulgar, e os nossos funcionários também. No dia da corrida, temos alguns funcionários, que a gente sorteou e fez ações para poderem vir. Então usamos como endomarketing também. Está sempre muito ligado à comunicação”, contou o diretor da área.
Conexão
Diferentemente de outras categorias do automobilismo mundial, a Fórmula E tem suas etapas disputadas majoritariamente em circuitos de rua. Sem o barulho dos motores a combustão, a categoria consegue realizar os eventos em avenidas das cidades.
A cidade de São Paulo (SP), por exemplo, recebe a etapa no Sambódromo do Anhembi, localizado na zona norte, e não no Autódromo de Interlagos, onde as outras categorias correm, na zona sul. A capital paulista recebeu, no sábado (7), a Fórmula E pela terceira vez, sendo a segunda em 2024.
“O sucesso da Fórmula E também é muito interessante para a gente, como marca, evoluir. E São Paulo é o berço do automobilismo brasileiro, com muita relevância mundialmente, por várias categorias, por vários campeões que aqui também nasceram. Então, é fundamental ter a Fórmula E em São Paulo”, comentou Rogério Louro.
Além de ter corridas em grandes centros, a Fórmula E possui ferramentas para conferir maior dinamismo às disputas e expandir seu alcance. Com o modo ataque, por exemplo, a categoria busca se aproximar do público mais jovem.
Nesse contexto, a Nissan acredita que a Fórmula E chega mais perto dos objetivos de desenvolvimento e conexão com o público. A montadora vê a presença na categoria com um reforço de marca.
“A Nissan, além de ser a única marca japonesa na competição, é a única marca com mais de dez anos de carro elétrico. E é uma marca, uma montadora, que a gente pode falar que atende a um público mais amplo”, pontuou o executivo.
“A Nissan é uma marca mais geral. Então, [estar na Fórmula E] traz a Nissan para mais perto das pessoas. Além da proposta de correr dentro das cidades, existe o modo ataque, uma dinâmica da Fórmula E para falar com o público mais jovem. Então, isso traz a gente, na verdade, para mais perto do nosso público. Mais do que um negócio imediato, é um reforço de marca”, concluiu.